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o que é a esclerose múltipla

A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica autoimune, crônica e progressiva, que pode ser potencialmente incapacitante.1,14

Por ser autoimune, as células de defesa do organismo atacam as fibras das células do sistema nervoso central, causando a destruição de mielina, uma capa de tecido adiposo que envolve os axônios, uma parte do neurônio responsável pela condução dos impulsos elétricos, ou seja, a comunicação entre os neurônios e outras partes do corpo. Como consequência, os impulsos nervosos que transportam mensagens para o resto do corpo são transmitidos de forma mais lenta ou interrompidos.1

Com o tempo, esse processo inflamatório que ocorre dentro do sistema nervoso central forma cicatrizes na área afetada, de onde se origina o nome esclerose, que no latim significa múltiplas cicatrizes. Essas cicatrizes são resultados das lesões cerebrais e medulares, que como consequências geram algumas incapacidade e sequelas neurológicas nos pacientes2,15.

A esclerose múltipla é uma das doenças mais comuns do sistema nervoso central em adultos jovens e é três vezes mais incidente em mulheres do que em homens.3,4,16

Estima-se que hoje mais de 2.800.000 pessoas são portadoras de EM em todo o mundo5,17. No Brasil, são cerca de 40 mil pessoas diagnosticadas.6

O diagnóstico geralmente é feito entre os 20 e 50 anos de idade, quando a pessoa apresenta alguns dos primeiros sintomas e quanto mais cedo for diagnosticada, menor será o impacto no progresso da doença1,18.

conceito ilustrativo

Ilustração que representa a diferença entre a bainha de mielina saudável e a bainha de mielina do paciente com esclerose múltipla
causas

A EM (Esclerose Múltipla) não é uma doença contagiosa ou hereditária, embora possa ser determinada geneticamente, já que alguns genes que regulam o sistema imunológico7, combinados com fatores ambientais, principalmente na fase da adolescência, funcionam como “gatilhos”8.Mas todas essas hipóteses ainda estão sendo estudadas e não foram confirmadas16.

Embora a causa da doença ainda seja desconhecida9, a EM tem sido foco de muitos estudos no mundo todo, o que tem possibilitado uma constante e significativa evolução na qualidade de vida dos pacientes.

O que são os surtos?

A EM (Esclerose Múltipla) é caracterizada por surtos, um episódio relativamente súbito de novos sintomas ou piora dos sintomas de esclerose múltipla existentes, que duram por 24 horas na ausência de febre.10

Para ser considerado um novo surto é necessário que haja um intervalo mínimo de 30 dias entre eles - caso contrário, considera-se o sintoma do mesmo surto em andamento. E não deve haver outra explicação para o aparecimento de sintomas como uma infecção ou um aumento da temperatura corporal.10,19

Durantes os surtos, o paciente pode apresentar qualquer um dos sintomas da EM, isso irá depender da área do sistema nervoso central que foi afetada.10,16

como diagnosticar

Diagnosticar a Esclerose Múltipla na fase inicial pode ser desafiador, já que os primeiros sintomas são sutis e somem após alguns dias. Além disso, outras doenças inflamatórias e infecciosas podem apresentar sintomas semelhantes.11,16

Atualmente, não existem sintomas, características físicas ou testes laboratoriais que, sozinhos, possam determinar se uma pessoa tem ou não a Esclerose Múltipla.12,20

E mesmo quando uma pessoa mostra um padrão “clássico” de sintomas semelhantes aos da EM, o neurologista adota critérios para chegar a um diagnóstico clínico. O principal são os critérios de McDonald (2017)12,20 , como por exemplo:

  • Duas áreas diferentes do sistema nervoso central devem estar afetadas;
  • Os sintomas devem ter sido sentidos pelo menos em duas ocasiões distintas, com pelo menos um mês de intervalo, confirmado por um mapeamento de imagem de ressonância magnética (RM) mostrando as áreas de desmielinização do sistema nervoso central;

Para um diagnóstico preciso é importante aliar o conhecimento médico, o histórico do paciente e exames físicos, neurológicos e laboratoriais, sendo o principal exame a:

  • Ressonância Magnética de crânio e coluna (medula espinhal), uma das principais ferramentas para o diagnóstico da doenças desmielinizantes do Sistema Nervoso Central.12,20
Ilustração representando uma sala com o paciente realizando o exame de ressonância magnética, com médicos e enfermeiros, para diagnóstico da esclerose múltipla.

Assim que a doença é diagnosticada, pode-se identificar o tipo de EM baseado no padrão dos sintomas– se a pessoa teve surtos, remissões ou se os sintomas pioraram progressivamente.

O importante é lembrar que o diagnóstico precoce faz toda a diferença, aumentando as chances de modificar o curso natural da doença a longo prazo, reduzindo o número de surtos, de lesões e de sequelas neurológicas. E, por consequência, contribuindo para a qualidade de vida dos pacientes18.

Por isso, estamos aqui hoje! Para colaborar com informações e ajudar cada vez mais pessoas a conseguirem o diagnóstico precoce por meio do conhecimento.

tipos de apresentações clínicas

A EM se apresenta de maneiras diferentes em cada pessoa, mas basicamente existem 3 tipos de apresentações clínicas10

BR-NONNI-00130/AGO2023

Referências:

1. Multiple sclerosis - Symptoms and causes. Mayo Clinic. Disponível em: <https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/multiple-sclerosis/symptoms-causes/syc-20350269>. Acesso em: 13 Jul. 2023.
2. Definition of MS. National Multiple Sclerosis Society. Disponível em: <https://www.nationalmssociety.org/What-is-MS/Definition-of-MS>. Acesso em: 13 Jul. 2023.
3. HARBO, Hanne F.; GOLD, Ralf; TINTORÉ, Mar. Sex and gender issues in multiple sclerosis. Therapeutic Advances in Neurological Disorders, v. 6, n. 4, 2013.
4. Women Living With Multiple Sclerosis. National Multiple Sclerosis Society. Disponível em: < https://www.nationalmssociety.org/What-is-MS/Who-Gets-MS/Women-with-MS >. Acesso em: 13 Jul. 2023.
5. WALTON, Clare; KING, Rachel; RECHTMAN, Lindsay; et al. Rising prevalence of multiple sclerosis worldwide: Insights from the Atlas of MS, third edition. Multiple Sclerosis (Houndmills, Basingstoke, England), v. 26, n. 14, 2020.
6. “Eu me conecto, nós nos conectamos”: 30/5 – Dia Mundial da Esclerose Múltipla. Biblioteca Virtual em Saúde MS. Disponível em: < https://bvsms.saude.gov.br/eu-me-conecto-nos-nos-conectamos-30-5-dia-mundial-da-esclerose-multipla/ >. Acesso em: 13 Jul. 2023.
7. Who Gets MS? National Multiple Sclerosis Society. Disponível em: <https://www.nationalmssociety.org/What-is-MS/Who-Gets-MS>. Acesso em: 13 Jul. 2023.
8. What Causes MS? National Multiple Sclerosis Society. Disponível em: <https://www.nationalmssociety.org/What-is-MS/What-Causes-MS>. Acesso em: 13 Jul. 2023.
9. FILIPPI, Massimo; BAR-OR, Amit; PIEHL, Fredrik; et al. Multiple sclerosis. Nature Reviews Disease Primers, v. 4, n. 1, p. 1–27, 2018.
10. Managing Relapses. National Multiple Sclerosis Society. Disponível em: <https://www.nationalmssociety.org/Treating-MS/Managing-Relapses>. Acesso em: 13 Jul. 2023.
11. WEBSITE, NHS. Symptoms. nhs.uk. Disponível em: <https://www.nhs.uk/conditions/multiple-sclerosis/symptoms/>. Acesso em: 13 Jul. 2023.


12. How Is Multiple Sclerosis Diagnosed? National Multiple Sclerosis Society. Disponível em: <https://www.nationalmssociety.org/Symptoms-Diagnosis/Diagnosing-MS>. Acesso em: 14 Jul. 2023.
13. Types of Multiple Sclerosis. National Multiple Sclerosis Society. Disponível em: <https://www.nationalmssociety.org/What-is-MS/Types-of-MS>. Acesso em: 13 Jul. 2023.
14. Hauser, Stephen L., and Bruce AC Cree. "Treatment of multiple sclerosis: a review." The American journal of medicine 133.12 (2020): 1380-1390.
15. Lassmann, Hans. "Multiple sclerosis pathology." Cold Spring Harbor perspectives in medicine 8.3 (2018).
16. Dobson, Ruth, and Gavin Giovannoni. "Multiple sclerosis–a review." European journal of neurology 26.1 (2019): 27-40.
17. Luetic, Geraldine G., and María Laura Menichini. "Prevalence of multiple sclerosis in Rosario, Argentina." Multiple Sclerosis and Related Disorders 55 (2021): 103212.
18. Miller, James R. "The importance of early diagnosis of multiple sclerosis." Journal of managed care pharmacy: JMCP 10.3 Suppl B (2004): S4-11.
19. Vollmer, Timothy. "The natural history of relapses in multiple sclerosis." Journal of the neurological sciences 256 (2007): S5-S13.
20. Brownlee, Wallace J., et al. "Diagnosis of multiple sclerosis: progress and challenges." The Lancet 389.10076 (2017): 1336-1346.
21. Miller, James R. "The importance of early diagnosis of multiple sclerosis." Journal of managed care pharmacy: JMCP 10.3 Suppl B (2004): S4-11.
22. Rejdak, Konrad, Samuel Jackson, and Gavin Giovannoni. "Multiple sclerosis: a practical overview for clinicians." British medical bulletin 95.1 (2010): 79-104.
23. Inojosa, Hernan, et al. "A focus on secondary progressive multiple sclerosis (SPMS): challenges in diagnosis and definition." Journal of neurology 268 (2021): 1210-1221.